E Funk ou Funkstein?

O funk da periferia parece ter conquistado, definitivamente, os corações e mentes da juventude brasileira.

Podemos acompanhar a evolução deste ritmo pelos horários televisivos mais obscuros (comprados pelos próprios promotores deste movimento), em rádios e até mesmo nos periódicos mais elitistas.

Inicialmente encardo como uma manifestação espontânea e divertida, o funk nacional foi absorvido culturalmente por todas as camadas da população. Nenhum brasileiro, hoje, desconhece ao menos uma de suas espirituosas frases.

Alguns temas são recorrentes a este peculiar gênero musical. A sexualidade e a fraternidade são exaltadas constantemente,na maioria das vezes até de forma gratuita. O que poderia ser uma forma saudável de expressão popular vem se degradando em nome da exploração mercantilista e das mais baixas aspirações humanas.

Há quem argumente que o funk possuí um incontestável valor artístico por retratar a realidade da sociedade que o gerou. Entretanto, mesmo que esta linha de raciocínio seja aceitável cabe a seguinte questão: Se a arte é a mera reprodução da realidade, que valor ela teria desta forma?

A arte, por definição, é a extrapolação da realidade com a finalidade de transmitir uma idéia, promover valores e estimular a reflexão dentro de uma sociedade. Com seu vocabulário tosco e vulgar o funk empobrece e nivela por baixo o combalido cenário cultural do país.

Com a repetição de lugares comuns, trocadilhos, chamados às comunidades e outros recursos limitados, esta música se tornou uma verdadeira ferramenta de lavagem cultural, promovendo a destruição gramatical de nossa língua, a disseminação do conformismo e incentivando desvios de conduta. O Ministério da Verdade, como criado por Orwell, chega até a soar ingênuo.

O movimento funk, como tem sido divulgado pela mídia, promove uma política de pão e circo decadente. Sua única função é servir como uma fuga para um povo marginalizado e segregado. Seu sucesso só contribui para um círculo vicioso de escapismo e alienação. Mas mesmo num cenário tão apocalíptico encontramos alguma esperança. Entre centenas de "proibidões", "melôs" e "bondes" surgem verdadeiros artistas.

Livros como "Cidade de Deus" e "Zona Norte", bandas como O Rappa e Racionais retratam a realidade deste povo sob a visão peculiar de seus autores. Eles trazem sua mensagem e a esperança de que as coisas podem mudar, ainda que para as novas gerações.

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